Quero
lhes contar uma história de amor. A história de uma mulher
maravilhosa: minha mãe.
Se
existe uma pessoa que eu admiro mais que qualquer coisa, é a Dona
Osmarina, ou, como todos à conhece, Mazinha.
Minha
mãe teve uma infância pobre. De seus relatos, me lembro de muitas
histórias emocionantes que me fizeram até chorar e refletir sobre a
vida.
Como
era muito pobre, minha mãe, não tinha brinquedos e suas bonecas
eram feitas de palitinhos de fósforos e frutas, em especial goiabas
que pegava na goiabeira do quintal. Ela era artista na arte de
inventar brinquedos com a imaginação. Pegava tudo o que podia deste
quintal (tijolos, folhas, pedras...) e construía a casa de suas
bonequinhas de goiaba. Me lembro, que eu e minha irmã gêmea fizemos
essa experiência e brincamos.
Mas
um dos relatos que me deixou muito triste, que até hoje quando
lembro sinto meus olhos lacrimarem, foi que havia uma vizinha que era
muito rica e tinha brinquedos da melhor qualidade da época e, não
satisfeita com uma boneca que estava imunda, desgastada e com suas
vestes rasgada, esta menina jogou a boneca no lixo. Vendo tal cena,
minha mãe peguntou se podia ficar com a boneca e ela disse que sim.
Então,
a pequena Mazinha, toda contente, pegou o que seria sua primeira
boneca de verdade e levou consigo para casa. Chegando lá, ela lavou
a boneca, costurou suas vestes, arrumou os cabelinhos e foi brincar
na rua. Sentiu-se normal, pela primeira vez na sua vida. Sentiu-se
como as outras crianças com um brinquedo de verdade.
Mas
acontece que sua alegria durou pouco, pois a menina (ex-dona da
boneca), quando viu minha mãe à brincar na calçada de casa, quis o
brinquedo de volta. Daí começou a confusão que acabou com a
interferência das mães de ambas. Resultado: a menina teve sua
boneca de volta (limpa e “brincável”) e minha mãe, coitada,
ainda pegou uma surra por conta disso. Mas não culpo minha avó,
pois ela era uma mulher muito severa, típica da época mesmo.
Mas,
apesar disso, minha mãe não teve uma infância ruim. Eu estava aqui
avaliando ao recordar de seus relatos sobre as brincadeiras na rua,
correndo, subindo em árvores, banhando na chuva com os
coleguinhas... ela teve a infância que muitas outras crianças,
daquela época podiam ter e não tinham por conta dos pais.
A
infância de minha mãe me ensinou na minha infância, que brinquedo
não era tudo. Tanto que eu passava a maior parte do meu tempo de
criança, brincando com os amigos na rua.
Ela,
sempre nos ensinou à da valor ao que conquistarmos, sendo que ela
sempre dava valor ao que nós fazíamos. Acreditava no nosso
potencial quando todos apontavam o dedo para nós e dizia que não
conseguiríamos ser “alguém na vida”.
Nunca
foi de nos obrigar à fazer nada. Até mesmo nos estudos. A única
coisa que ela fazia questão era que não faltássemos na escola, nem
que pra isso precisasse nos vestir ainda dormindo em nossas redes.
Era ilário: nós dormindo e ela, coitada, se esforçando para vestir
o fardamento escolar em nós.
Mulher
batalhadora é essa Mazinha! Teve oito filhos, mas infelizmente,
destes oito, só restaram cinco, os quais ela criou, praticamente
sozinha.
Lembro-me,
com pouca clareza, de todos os esforços que ela fazia quando éramos
muito pequenos, para nos sustentar. Com um marido quase sempre
ausente, ela fazia o que podia para garantir-nos o que comer, vestir
e brincar.
Nós
morávamos na casa de nossa avó materna e mamãe juntava cosméticos
numa bolsa, pegava nós cinco (já que não gostava de nos deixar nos
cuidados de ninguém) e seguia nos bairros, a fim de vender tais
cosméticos. Não voltávamos enquanto ela não tivesse vendido
todos.
Ela
sofria muito, eu bem sei disso, como sei que sofre até hoje por
conta de um filho pródigo, que tenho fé em Deus que um dia vai
voltar.
Sei
que o seu sorriso e seus olhos sofredores escondem muitas coisas que
ela nunca ousou nos contar, porque sabe que isso nos deixaria
tristes. Ela só quer nos ver feliz e faz muito por isso.
Não
sei como é sua mãe, nem sei se você fala com ela ou já não à
tem ao seu lado. Mas minha mãe é a mulher mais linda deste mundo,
batalhadora e super-heroína!
Tudo
o que possuo hoje, agradeço e louvo à Deus pela mãe que tenho,
pois foi ela quem me ensinou tudo! Me ensinou como caminhar, me
alimentou, me levou ao médico, me deu remédio e cuidou das minhas
crises de enxaquecas no meio da noite, das febres e ela ali velando
meu sono.
Não
sei nem o que dizer... sei que tudo o que eu faça por ela é pouco
para pagar tudo o que ela fez por mim. Nem uma eternidade pagaria!
Dona
Mazinha, mãezinha, eu te amo muito!!!